Após ter lutado três vêzes contra uma neoplasia malígna(câncer) , decidi criar um espaço onde poderia falar sôbre esta doença, que devagarinho chega em sua vida, sem ao menos mostrar algum sinal

sábado, 19 de fevereiro de 2011

HPV - Papiloma Vírus Humano

DrauzioVerrugas são comuns em crianças. Que precauções as mães devem tomar quando elas aparecem em seus filhos?
Maricy Tacla – Geralmente as verrugas que aparecem nas crianças não têm implicação com o desenvolvimento de lesões genitais. Conforme já foi dito, o papilomavírus humano é constituído por diversos subtipos que se diferenciam pela estrutura genética e têm atração por determinados tecidos. A probabilidade daqueles que contaminam a pele e provocam o aparecimento de pequenas verrugas nas crianças serem os mesmos que atacam os genitais existe, mas é muito pequena. Em geral, os tipos de vírus que provocam o aparecimento de verrugas genitais na mulher qualificam-se como os mais benignos e dificilmente estão relacionados com os carcinomas.
DrauzioEsse conceito é muito importante. Paradoxalmente, os vírus que provocam verrugas genitais são os que menos evoluem para câncer.
Maricy Tacla – Geralmente, esses são os mais benignos. Recentemente, foi publicado um trabalho no New England Journal of Medicine que demonstrou estar correta a classificação dos vírus em oncogênicos, isto é, que promovem o câncer, e pouco oncogênicos ou mais benignos. Esse estudo demonstrou epidemiologicamente que não só determinados tipos de vírus são encontrados nos casos de câncer como também a persistência da infecção causada por eles aumenta o risco de uma pessoa desenvolver a doença. Por isso, é preciso estar atento para os tipos de HPV que não costumam provocar o aparecimento de verrugas e que podem passar despercebidos num exame clínico macroscópico. Muitas vezes, eles só são detectados por exames específicos, como o de Papanicolau que a mulher deve fazer rotineiramente.

Transmissão do papilomavírus humano
DrauzioExiste uma estimativa sobre quantas mulheres poderiam estar infectadas pelo papilomavírus atualmente?
Maricy Tacla – Considero importante divulgar alguns dados sobre esse tema polêmico para não assustar as pessoas nem minimizar a importância da infecção. Do ponto de vista epidemiológico, a Organização Mundial de Saúde fala que até 40% das mulheres sexualmente ativas podem estar infectadas pelo HPV no trato genital e é bom lembrar que os homens não estão livres do problema. Esse número pode perecer assustador, se considerarmos que, em cada dez, quatro mulheres estariam infectadas. No entanto, é preciso ressaltar que esse índice diz apenas que 40% das mulheres tiveram contato com o papilomavírus. Não quer dizer, porém, que todas vão evoluir para um quadro de câncer.
A importância desse dado reside no fato de que a presença do vírus vem sendo relacionada, como fator etiológico (causal), ao desenvolvimento de câncer do trato genital inferior, isto é, do colo uterino, vagina, vulva e ânus.
Drauzio Como se processa a transmissão do HPV?
Maricy Tacla - A principal via de transmissão é a sexual. Não se pode afirmar categoricamente que seja a exclusiva, mas ninguém duvida de que seja a predominante. Existe também a possibilidade de transmissão vertical, ou seja, a transmissão da mãe para o feto durante a gravidez ou da mãe para o recém-nascido através do canal de parto, o que justificaria a eventual contaminação das cordas vocais da criança no futuro.
Não se descartam, ainda, a auto-inoculação – a própria pessoa contamina seus genitais quando manipula lesões localizadas em outras regiões do corpo - e a inoculação através de toalhas ou objetos alheios que poderiam albergar o vírus e infectar quem os usasse inadequadamente.
Drauzio Relações orogenitais pode transmitir o vírus?
Maricy Tacla – Podem, uma vez que as mucosas são muito suscetíveis à contaminação. Estudos epidemiológicos reconhecem que o papilomavírus humano (HPV) constitui um grupo formado por mais de 100 subtipos diferentes. Alguns contaminam com facilidade a pele, as mãos, os pés. Outros contaminam preferencialmente as mucosas, por isso o ginecologista deve estar atento à parte oral das pacientes, porque sexo oral pode transmitir o HPV.

OBS: Dra. Maricy Tacla é médica ginecologista, professora do Departamento de Ginecologia do Hospital das Clínicas de São Paulo e trabalha no Laboratório Fleury de São Paulo.

Fonte: Dr. Drauzio Varella

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